O Chile reserva diferentes cenários aos seus visitantes. Nesse sentido é possível programar viagens ao longo do ano para destinos completamente distintos. Saindo da capital Santiago e seus atrativos culturais e gastronômicos, o país tem oferta diversificada com vinícolas e enoturismo, praias encantadoras, estações de esqui e muita neve, observação astronômica, o Deserto do Atacama e até a intrigante Ilha de Páscoa.
Vamos falar agora do incrível Deserto do Atacama. Ele é diferente de todos os outros no mundo. Sua paisagem árida encanta pela diversidade e beleza. A inóspita região recebe muitos visitantes em busca de aventura e estar em sintonia com a natureza.
O Deserto do Atacama atrai desde jovens mochileiros até homens e mulheres de cabelos brancos. Em comum a mesma motivação e a vontade de conhecer um lugar diferente e transformador.
Mas o destino chileno não é um deserto como os outros. A região tem vulcões, dunas, lagos, montanhas – algumas nevadas -, penhascos, rios, salares, gêiseres, formações rochosas e um céu incrivelmente estrelado. Todos esses atrativos estão em uma área com cerca de mil quilômetros de extensão entre o norte do Chile até a fronteira com o Peru. Além disso, é o deserto mais alto – 2,4 mil metros de altitude – e mais árido do mundo.
A cidade de San Pedro de Atacama é um oásis no Deserto do Atacama. Localizada na região de Antofagasta, tem pouco mais de 3 mil habitantes e é a principal base para os turistas. Simples e charmosa, tem casas construídas com adobe, uma mistura de barro, palha e outras fibras naturais muito eficiente para manter o interior sempre fresco. É o ponto inicial e de chegada dos vários passeios turísticos pelo deserto.
Pelas ruas de terra de San Pedro de Atacama circulam viajantes falando inúmeros idiomas, motociclistas com jaquetas empoeiradas, fotógrafos carregando equipamentos sofisticados, cientistas, pesquisadores, astrônomos e pessoas em busca de aventura.
Além dos bares, restaurantes, pequenas lojinhas e agências vendendo passeios pela região, o destino tem apenas duas atrações: o Museu Arqueológico Gustavo Le Paige e a igreja San Pedro.
São necessários cinco dias no mínimo para conhecer o Deserto do Atacama. Cada dia por lá será de muitas descobertas. E não são somente os turistas que ficam boquiabertos com os cenários. Muitos cientistas também realizam pesquisas na região.
Distante cerca de 10 quilômetros de San Pedro do Atacama, o Vale da Lua lembra muita a paisagem lunar e parece um cenário de filme de ficção científica. Ele está localizado na Cordilheira de Sal, região que já foi o fundo do mar e hoje está repleta de formações de areia, sal e rochas esculpidas pela ação do vento. Muitos turistas chegam até o local de bicicleta.
Bem diferente do Vale da Lua, tem rochas que vão mudando de cor conforme a inclinação do sol. O vento também é bem mais forte. O terreno árido, inóspito e irregular também é conhecido como Vale de Marte por causa da cor alaranjada. Nas bordas, grandes dunas de areia dominam o ambiente.
A região é muito procurada para a pratica de treking, cavalgada e para descer uma grande duna de areia usando um snowboard. E também para apreciar o impressionante pôr do sol em um cenário que muda a cada segundo num misto de cores vermelho e laranja. Um passeio noturno atrai interessados em astronomia para ver um imenso céu estrelado.
Muita gente pensa que laguna significa o mesmo que lagoa. A diferença é que as lagunas apresentam alguma ligação com a água do mar. Costumam estar separadas do mar por formações rochosas, barreiras de areia ou recifes. E são várias as lagunas altiplânicas no Deserto do Atacama. E cinco delas merecem uma visita.
Localizadas a mais de 4,1 mil metros de altitude, são separadas apenas por uma pequena faixa de terra. Além disso, possuem águas de coloração azul intenso. Elas formam um cenário encantador que tem alguns vulcões ao fundo. Não deixe de levar um casaco, pois faz bastante frio no local.
Localizada no Salar do Atacama – um imenso deserto de sal a cerca de 2,3 mil metros de altitude -, está na Reserva Nacional dos Flamingos, uma extensa área de 320 mil hectares. Lá estão atrativos naturais como placas de sal com até 70 centímetros de altura. A atração principal como não podia deixar de ser são os flamingos com suas plumagens rosadas.
Tal como no Mar Morto, em Israel, a alta concentração de sal faz com que o corpo não afunde e apenas fique boiando. Portanto, leve roupa de banho nesse passeio para experimentar a sensação. E tome cuidado com o sal cristalizado na borda da laguna que pode causar ferimentos. Não mergulhe e nem afunde a cabeça na água para não arder os olhos. O local tem banheiros com chuveiros para lavar o corpo com água doce e trocar de roupas.
A atração do lugar são os Ojos del Salar, duas imensas crateras bem fundas e com água doce de tons azulados. Assim, se resolver mergulhar prepare-se porque a água é bem gelada.
Também dentro da Reserva Nacional de Flamingos, só que um pouco mais distante, está esse outro deserto de sal. O Salar de Tara também tem muito flamingos e outras aves. Além disso, as paisagens construídas pelos ventos e pela erosão são belíssimas.
Com mais de 5,9 mil metros de altitude, o imponente vulcão está a 30 quilômetros de San Pedro do Atacama e faz parte da Cordilheira dos Andes entre o Chile e a Bolívia. Seus cumes nevados podem ser avistados desde muito longe.
Juntamente com seu vizinho Juriques, eles dominam o Salar de Atacama. As excursões para visitar o Lincancabur bem de pertinho partem de acampamentos bases a 4,3 mil metros e 4,7 mil metros. No interior da sua cratera há uma lagoa que, apesar das temperaturas baixíssimas durante o inverno não congela.
Mas realizar a subida ao vulcão não é para qualquer um. É preciso estar com um bom preparo físico, ser praticante do montanhismo e adaptado à altitude. Também é necessário utilizar equipamentos adequados à atividade. Além disso é importante subir acompanhado por um guia experiente.
Ruínas arqueológicas com plataformas e estruturas que seriam santuários construídos pelos incas estão espalhadas ao redor do vulcão.
Localizados a 4,2 mil metros de altura, os Gêiseres do Tatio estão entre as principais atrações do Deserto do Atacama. Eles estão em plena atividade antes do amanhecer. Por isso, para assistir ao fenômeno natural é necessário sair da cama no meio da noite gelada. Os grupos saem de San Pedro do Atacama por volta das 4h da manhã. Porém, o espetáculo vale à pena.
Os gêiseres são minivulcões que expelem vapor d’água fervente a mais de 80ºC. Para amenizar o frio sempre abaixo dos 10ºC negativos, as agências costumam realizar um café da manhã com bebidas quentes no local. Quem tiver coragem para tirar a roupa e entrar nas piscinas naturais que existem na área irá curtir suas águas quentes com temperatura por volta dos 33ºC.
A altitude de 2,4 mil metros no Deserto do Atacama costuma causar o que os chilenos chamam de “sorache”, o temido mal da altitude. Os sintomas variam de pessoa para pessoa. Os mais comuns são dor de cabeça, náusea, tontura, ânsia de vomito, cansaço e falta de ar. Até pequenas caminhadas provocam sensações desagradáveis. A dica é deixar as atividades que exijam maior esforço físico e visitas a lugares com altitudes mais elevadas para o final da viagem. Assim, o organismo já estará aclimatado ao ambiente.
A partir de Santiago é possível chegar ao Atacama por via aérea ou terrestre. Calama, maior cidade da região e bem no meio do deserto, conta com um aeroporto e uma rodoviária.
As empresas aéreas Sky Airlines e Latam voam para lá e a viagem leva cerca de 1h15. Depois são mais 100 km de estrada até San Pedro de Atacama. No aeroporto há serviço de tranfer.
Por via terrestre, saindo da capital chilena, são 1,9 mil quilômetros através da Ruta 5 – conhecida como Panamericana Norte – até San Pedro de Atacama.
San Pedro de Atacama oferece opções diversificadas de hospedagens. Portanto, há desde hostels bem simples e pequenas pousadas até hotéis luxuosos.
Da mesma forma, há diversas opções de bares e restaurantes em San Pedro de Atacama. O mais conhecido e requintado é o Adobe, muito frequentado pelos turistas europeus.
As temperaturas no Atacama variam entre 0ºC à noite a 40ºC durante o dia. A primavera (setembro a novembro) e o outono (março a maio) são as melhores épocas do ano para viajar ao deserto.